Ser especialista?
Porquê da importância de ser, ou fazer algo como especialista. Na verdade, agora que escrevo isto, verifico que tem mais que ver com o “dominar” algo com mestria. Tal como os Seres Projectores na linguagem do Human Design, em que o nosso reconhecimento vem do sistema que dominamos, penso que ser “especialista” é o que nos vai diferenciar perante um mundo normativo e condicionado. Acredito na especialização, um músico é um músico, contudo ser-se especializado na mestria de tocar guitarra é diferente de alguém especializado na mestria de tocar piano, violino, tuba ou cantar. Cada um é especialista na sua arte, no seu elemento. Observo que somos especialistas nas coisas que são a “nossa praia”, a nossa essência, aquela parte de nós em que muitas vezes o hobby se confunde, e se confunde com o trabalho, e o trabalho com o puro prazer. Poderia arriscar escrever que essa “praia” é onde estamos mais vezes em fluxo, em flow, a deixar as coisas acontecerem em essência, onde o tempo e o espaço perdem os ponteiros e fluem para além dos conceitos dos minutos, metas, objetivos e fisicalidade da vida. Sou um dos muitos que têm dificuldade em se dizer especialista em X ou Y. Sei que é necessário, contudo sinto que existem termos, e conceitos, como versátil e multipotencial que melhor me vestem. Acredito, verifico que podemos ser bons, ou muito bons em várias coisas, contudo isso pode não “fazer” de quem tem estas características de um tal de “especialista”. Recentemente, assumi para mim, o termo especialista em Pessoas Altamente Sensíveis. Pelo facto de ter este traço, fiz o levantamento dos pacientes que atendi nos últimos 4 anos e, verifiquei que cerca de 70% destes, partilham comigo esta diferença, o nosso cérebro e sistema nervoso opera e lida com o mundo, interno e externo, de forma um pouco mais, digamos, intensa e profunda. Mesmo assim, os mentores e formadores da área do marketing digital dizem-me que esse “nicho” é muito amplo e abstracto. Que devo falar das suas dores e dos resultados que podem conseguir se seguirem a metodologia y ou x que lhes ofereço, ou melhor, vendo pois sou um prestador de serviços. Pois, acho que aí é que se encontra a minha especialidade, o meu elemento. Tenho dificuldade em tratar pessoas, os tais de pacientes, de forma “fabril” e normalizada. Cada Ser Humano é para mim um Universo que tenho de aprofundar e conhecer, para melhor ajudar essa Pessoa a conherSer-se, e com isso as suas verdadeiras dores são trazidas ao espaço seguro que é o meu consultório. Somente aí poderá dar-se o potencial de “autocura”, ou a resolução do problema para ser mais pragmático. Consegue-se em todos os casos? Não, contudo acredito que principalmente o ano que passou (Out21/Out22) deu-me a formação, prática, sabedoria, teorias e principalmente as Pessoas certas para que me possa sentir, ver e ser visto, como alguém que domina a ansiedade como área de intervenção terapêutica. Um profissional que conhece os meandros do gigante tema do comportamento e desenvolvimento humano, e nos últimos meses principalmente sobre o traço das Pessoas Altamente Sensíveis. Mas atenção, isso não quer dizer que ande “atrás” dessas pessoas, ou que não atenda outras pessoas com outros problemas. A grande diferença é que tenho a convicção de que cada terapeuta irá melhor ajudar através da empatia e acolhimento, pacientes com dores semelhantes às suas, actuais ou passadas. Brinco muitas vezes com os pacientes que diferença entre nós, ou os problemas a serem tratados, é que em muitas coisas eu passei por elas mais cedo, tentei arranjar solução, resolvi-as e agora partilho a minha experiência e conhecimentos com os que também padecem de tais maleitas que algures na minha linha da vida também já padeci. Há duas formas de fazer terapia: uma alicerçada mais na teoria, e a outra alicerçada mais na prática. Na verdade, acredito que a mestria vem da junção e equilíbrio das duas, pois se não se viver a prática e a abertura de saber acolher e confortar alguém em crise, muito dificilmente alguma teoria, técnica ou sistema irá ter um bom resultado por si só. Ou seja, será que dominar algo teoricamente nos torna especialistas? Acima de tudo, e há muito me vejo assim, sinto-me um investigador, também verifico que o tema de saúde e bem-estar, analisado e estudado na minha tese de mestrado, quando ainda sonhava ser um especialista em marketing, ajudou a ser desta forma como terapeuta. Interessa-me muito mais a causa, a origem do problema do que o problema que o paciente se me apresenta. Os sintomas que levam as pessoas ao meu espaço são apenas isso, a parte visível do “algo” a ser trabalhado, tratado, acompanhado de forma cirurgicamente segura. Muitas vezes a minha atenção está muito mais focada no que a pessoa não diz, seja na observação do corpo, o seu nível anímico e energético, as suas expressões e principalmente o que inconscientemente não está a partilhar. Quando ainda por vezes familiares e conhecidos me perguntam o que faço (pergunta válida pois já tive algumas profissões), digo-lhes cada vez mais assertivamente que o meu trabalho é ser Terapeuta Integrativo e a minha especialidade é ver o que outros não vêem. Que adoro falar com as pessoas, e as orientar para que tenham mais paz, tranquilidade e bem-estar nas suas vidas. O resto, bem, o resto são pormenores que uso e que podemos chamar de técnicas ou sistemas como a terapia do som, o coaching, a psicoterapia, o human design ou a hipnose clínica. Dito isto, e respondendo à pergunta deste já longo artigo; para mim ser especialista é ser quem sou. Um abraço sonoro Rui de Almeida Cardoso, 18-10-2022 |
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